quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A realização das coisas “sobre” e “sob” o chão

Joacir Soares d’Abadia*

O estar “sobre” e “sob” o chão pode dizer que existe um desenvolvimento em duas perspectivas: a) um desenvolvimento “morto” e b) um desenvolvimento “vivo”. Que quer dizer cada desenvolvimento?

A. O desenvolvimento “morto”. – É um desenvolvimento que já seguiu seu curso de desenvolvimento e perfeição. O desenvolvimento tido como “morto” é necessário tanto para o desenvolvimento quanto para o aperfeiçoamento de tudo que está “sobre” e, porque não, “sob” o chão.

O “morto” ainda é funcional ao existente. Uma árvore que já completou seu curso natural, leva em si coisas que para desenvolver e aperfeiçoar necessita, incessantemente, cada vez mais do seu definhamento. Uma coisa, mesmo que no seu estado “morto”, dá a uma outra o seu direito de desenvolver. Seu estar “morto” não pertence a si mesma, mas sua utilidade é dada a outras coisas.

O desenvolvimento “morto” – das coisas – segue como essencial às demais. Dá a uma outra o seu direito, em primeiro lugar, de si desenvolver. Seguir seu curso natural! Aquele desenvolvimento “morto”, para seguir seu estado atual necessita do desenvolvimento das outras coisas, do desenvolvimento “vivo”.

B. O desenvolvimento “vivo” acontece “sobre” e “sob” o chão. “Sob” o chão existem variadas coisas, existentes, que de desenvolve dando a outros existentes sua probabilidade de aviltar-se. Contudo, “sob” o chão existe, do mesmo modo, o desenvolvimento “morto”.

Todo existente e não existente para se desenvolver ou se decompor necessita do desenvolvimento “vivo”. Este desenvolvimento é que ajuda os outros no seu percurso. Quando um desenvolvimento “morto”, que está “sob” o chão se decompõe por completo ele ajuda o chão a si desenvolver, pois serve de força vital para os outros existentes. Porém, por outro lado, quando ele não realiza todo o seu ciclo natural deixa de estar participando do desenvolvimento dos outros.

Deste modo, a maior inutilidade será para si mesmo. Sabendo que quando ele se desenvolve auxilia a si aperfeiçoar e, ainda pode, com seu desenvolvimento “morto”, acudir outros existentes nos seus convenientes deslancharem na existência.

Ao se tratar do desenvolvimento “vivo” que se encontra “sobre” o chão, um fato fica vertente: é um desenvolvimento “vivo” que, para atingir seu topo de realização, se encontra necessitado do seu inverso de desenvolvimento: o desenvolvimento “morto”.

Assim, a necessidade que se mostra nos desenvolvimentos é uma necessidade recíproca. Em que uma coisa morre desenvolvendo outra e, esta que desenvolve é aperfeiçoada no seu próprio desenvolvimento.

*Pe. Joacir Soares d’Abadia, Pároco de Alto Paraíso de Goiás;

Pós-graduando em Filosofia pela FACIBA

É autor do livro: “Opúsculo do conhecer” (Cidadela)

segunda-feira, 31 de março de 2008

solidão interior: o encontro consigo mesmoA

  • A solidão interior é um encontro com o outro? Sim. Ela me coloca frente aooutro que se manifesta no meu íntimo. Desse modo, bem no meu interior estáum outro. Este chora quando não estou triste; mas sorri quando caio doente.
  • Ele é, visceralmente, um outro que pede na medida que não posso dar de mim,no entanto, dá de maneira tal, quando às vezes, não quero dar-me que atémesmo deixa em mim suas marcas. Desta nostalgia da minha solidão, emergequem reflete sobre a existência. Minha solidão é, contudo, sempre em relaçãocom o outro.Nunca estou só, continuamente estou comigo mesmo. Sou presença pra mimmesmo. Se focar nalgum dia que estive só, estava dormindo. Mas será que jádormi nalgum dia? O sono vem a ser o quê?
  • O sono é, todavia, um estado o qual me vem à inconsciência; é um momento queestou no mundo, mas não tenho consciência de fazer parte dele. É o encontromais pessoal que posso ter comigo mesmo. Porque não me preocupa o mundo, nosono. Quando durmo, relaciono-me de forma tão particular comigo mesmo quedescanso minha mente e, especialmente, meu corpo, visto que o relacionamentoque acontece é verdadeiramente um encontro de intimidade. O sono, então, éeste encontro profundo entre o meu eu e o outro-eu interior, que sou eumesmo na interioridade.
  • Contudo, já dormi e durmo, ou seja, paulatinamente entro em contato com meueu-outro, o qual se mostra da forma que realmente é: sem medo da realidadecircundante, mas se põe no relacionamento com a solidão.
  • Pela solidão, como sendo o encontro consigo mesmo, o homem não temconhecimento de si, porque falta o outro exterior para ser para o si mesmoum espelho onde reflete o eu do eu do si mesmo. A solidão faz com que o simesmo se encontre somente com o seu interior, mas não faz alusão sobre umarelação interpessoal. Assim, o central da solidão interior é o encontro
    consigo mesmo.
  • Este “si mesmo” vai se manifestar ao eu que se coloca na solidão e não podemostrar-se ao outro (a pessoa diferente do meu eu). O eu é, portanto, aqueleque se relaciona com o outro. No entanto, o si mesmo do eu se relacionasomente com o eu.
  • Em fim, de tudo o que se expôs acima, infere-se que uma solidão quando seabre ao outro, nunca permanece só: está, ininterruptamente, em relação com ooutro que se manifesta no interior de cada eu.